Era já outono, mas a noite estava amena e húmida. F. tinha de ir trabalhar de manhã, mas havia qualquer coisa no ar que enxotava o sono. Levantou-se e vestiu a lingerie sexy, a mais sexy que encontrou. Era vermelha, de um vermelho lânguido, provocante. Estava nitidamente com vontade, uma daquelas que não se nega nem se deixa para amanhã.

Saiu, dirigiu-se ao bar mais próximo, nem sempre com as melhores companhias, mas daqueles que nunca fecham. Ao balcão, três ou quatro habitués espantavam clientela. Mas, no topo, lá longe, uma figura tão sinistra quanto intrigante chamou a atenção.

F., que não escondia ao que vinha, pediu um vermute seco e chegou-se perto. Não foi preciso trocarem palavras. Em minutos, subiam em conjunto as escadas de regresso ao leito que F. tinha deixado quente. Bem quente. Quando entrou, M. não disfarçou o desejo. O cenário ajudava: um arnês, um baloiço, uma cruz na parede, tudo convidava a uma noite sem regras.

M. não perdeu tempo: o jogo de mãos e língua a dois começou devagar e, pouco a pouco, foi desaguando num combinado frenético de gemidos e frases inacabadas.

O menu noturno teve de tudo um pouco. Começou no baloiço e passou pela cruz, onde o arnês e o chicote se fizeram convidados.

F. não se continha, o prazer ia e vinha em vagas de suor e outros líquidos de diferentes consistências. A mão castigava as nádegas e roubava uivos de satisfação. M. fora um achado.

No lusco-fusco do quarto que F. tinha meticulosamente montado para ser um templo de desejo, os intérpretes desempenhavam os seus papéis com afinco.

Uma chuva de orgasmos irrompia na noite, abalando o silêncio que os vizinhos ansiavam. Se as paredes falassem teriam muita história para contar. M. aproveitou-as como um mestre. F. esteve horas entre a parede e a “espada”. E gritava por mais.

Nenhum dos dois se fez de rogado. Os arneses e respetivos vibradores tiveram o merecido uso e as algemas pingavam de suor. O chicote também deixou a sua marca. F. não esqueceria tão cedo esta noite nem a ousadia de trazer um desconhecido para o seu leito de prazer.

O corpo, esse, pulsava de prazer e exaustão. M. saiu pela calada da noite, sem deixar nome nem morada. Mas aquela noite não mais havia de ser esquecida. E F. finalmente adormeceu!

#contosdeseda ❤️

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